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ANO XV — E. S. Paulo — Matào, 15 de Janeiro de 1940 — NUM. 12
Rmmta Internacional
do espiritismo
PUBLICAÇÃO MENSAL DE ESTUDOS ANÍMICOS E ESPIRITAS
Orgão de Propaganda do Centro Espirita «Amantes da Pobreza»
FUNDADOR : Cairbtir Schutel
DIRETOR : José da Costa Filho X- REDATOR : A. Watson Campeio
gerente : Anlonia Perche S. Campeio
Redação: Av. 28 de Agosto n. 17 Oficinas: Rua Ruy Barbosa
e)©
ESPIRITISMO E LOUCURA
(Continuação)
«feição positiva dada ao es-
I tudo da alma na fase mo-
derna da psicologia, esta
Í4I modificação científica aber-
ta nos antigos processos
^ de análise, tem conseguido
os mais seguros resultados
e proclamado provas, que a tantos sécu¬
los pareceram intangiveis.
A observação e experiência fixaram-
se nestes domínios e por elas se tem atin¬
gido um grau de certeza, a que por ne¬
nhum outro modo se poderia chegar.
De ano para ano a verdade se pro¬
clama mais vigorosamente, as prov»s se
acumulam, a conquista alarga-se e nunca
mais deixará de fortificar-se com novos
factos confirmativos.
Quem examina o caminho percorri¬
do e acompanha dia a dia as novas des¬
cobertas, não tem a menor dúvida de que
o estudo do espírito humano entrou na
senda legítima, na estrada insofismável da
verdade cientifica, e como tal a procla¬
mam já os que a estudam e hão de pro¬
clamar quantos denodadamente a quise¬
rem estudar.
As dúvidas e as críticas veem da
ignorância/senão do interesse ou da pseu-
da ciência.
Os novos conhecimentos são frutos
dum trabalho indefectível, universalizado,
levado a efeito por investigadores compe¬
tentíssimos e livres de injunções partidárias.
O estudo deste problema constitúe
a máxima questão atual, interessando mui¬
tos milhões de pessoas, inclusive sábios,
firmando-se indestrutível e sucessivamente
num crescente número de experiências,
que para sempre ficarão como pedras an¬
gulares deste majestoso edifício.
Já em 1900, no 4.0 Congresso Inter¬
nacional de Psicologia, dizia Myers numa
doutíssima memória : «Afirmo que um es¬
pírito existe no homem, sendo salutar e
desejável que esse espírito se mostre ca¬
paz de se desprender parcial e temporaria¬
mente do seu organismo físico ... o que
permitiria ao espírito dum morto fazer
uso deste organismo, temporariamente a-
bandonado».
Os resultados obtidos por M. Dur-
ville e comunicados á «Sociedade Magné¬
tica de França» acerca do fantasma ou
corpo astral dos vivos tiveram larga re¬
percussão. Ele provou á Sociedade que o
espírito é capaz de desprender-se tempo¬
rariamente. Õs sentidos físicos ficam com¬
pletamente abolidos; os sujets nada veem
pelos olhos, nada ouvem pelos ouvidos,
não percebem qualquer odor pelos senti¬
dos olfativos e não sentem nenhuma sen¬
sação de contacto.
Todas estas impressões parecem per¬
cebidas por sentidos distintos levados pe¬
lo duplo.
- 346
Revista Internacional do Espiritismo
Para os sujcts, sem exceção, o du¬
plo é todo o individuo e o corpo físico
não é nada.
«O duplo sou eu mesma, diz Leon-
tina, o corpo é apenas um.saco vasio».
Edmée dá a tal respeito uma descri¬
ção mui interessante. Respondendo a uma
pergunta que lhe fiz, disse : «O corpo que
tocais não é nada, é o involucro do outro.
Toda minha personalidade está na
pessoa luminosa (duplo), que é o que pen¬
sa, que sabe, que opera, e que transmite
ao físico o que vos digo».
— Como devemos denominar a pes¬
soa luminosa ? — «Não é necessário dar-lhe
nome especial ; é Edmée, sou eu ; se a qui¬
serdes chamar, dizei Edmée».
— Todavia cumpre que distingua-
mos uma da outra. Quereis convencionar
que se chame corpo astral, duplo, pois que
é vosso duplo ?
— «Não, astral não. Chamai-lhe se
quiserdes o duplo, e contudo não é o du¬
plo, pois que sou eu mesma».
Interrogada a este propósito numa
outra sessão, ainda declara que o físico
nada sente, nada vê, e que todas as im¬
pressões lhe são transmitidas pelo duplo,
por intermédio do cordão que os liga.
«Toca-se o duplo, diz ela, as im¬
pressão de contacto vem como um cho¬
que ao cérebro físico e a sensação reper¬
cute-se nele. Quando se fala, julga-se que
meu físico ouve pois que responde, mas
não é assim. O físico nada ouve ; quem
ouve é o duplo.
A pergunta e a resposta são trans¬
mitidas pelo cordão ao cérebro físico co¬
mo por um movimento, por qualquer
coisa que vibra. E’ também o duplo que
vê, e a vista vem ao físico por um mo-1
vimento, é como eletricidade que faz vi¬
brar o cérebro físico e então êle vê o que
o duplo viu. Todas as impressões recebi¬
das pelo duplo transmitem-se aos centros
do cérebro, mas tais centros nada perce¬
bem por eles mesmos».
Continuando a expor o resultado de
suas observações, M. Durville descreve
suas experiências referentes ao tato e diz:
«Sabe-se que quasi todos os sujets a-
dormecidos magneticamente são insensi-
veis ; mas não se sabe onde a sensibibili-
dade se refugia.
Quando o sujet está exteriorizado,
a sensibilidade irradia sempre em volta
dele ; e se picarmos ou queimarmos as zo¬
nas sensiveis, o sujet sente uma dôr viva
e, ao contrário, absolutamente nada sente
quando picamos o corpo. O mesmo se dá
no desdobramento. O sujet não sente nem
as picadas nem as vivas pressões feitas no
corpo físico ; mas experimenta uma sen¬
sação desagradavel ou mesmo dolorosa
desde que tocamos o duplo ou o cordão
que os liga. Este fenômeno verifica-se em
todas as sessões e com todos os sensitivos
sem exceção.
Torna-se escusado demonstrar este
fenômeno, que resulta das experiências.
Eu e M. André fizemos com Mar-
tha a experiência seguinte, que aliás mui¬
tas vezes foi repetida pelo mesmo senhor.
Colocámos diante dos olhos semi-abertos
do sujet um papel impresso em grandes
caracteres.
O sujet declara nada ver. Em segui¬
da o papel foi colocado diante de varias
partes do corpo, e por vezes o sujet em
sonambulismo vê : pelo cimo da cabeça,
pela nuca, pelo epigastro ; outras vezes o
sujet declara que não pode ver. O papel
é levado diante do rosto do duplo, á al¬
tura dos olhos, mas a visão também se
não realiza, igualmente não vê pelo cimo
da cabeça, mas pela nuca lê sem hesitação.
O sujet desdobrado pode ver, ainda
que bastante confusamente, dum aposento
para o outro. «Estou no fundo do meu
gabinete com Edmée, que se acha em des¬
dobramento».
Peço a três testemunhas da expe¬
riência — Mme. Stahl, Mme. Fournier e M.
Bonfret — o favor de irem para a sala das
reuniões da Sociedade, e de executarem
aí movimentos simples de facil descrição,
para que possamos verificar se o duplo,
que vou mandar a essa sala, poderá ver
alguma coisa.
O Dr. Pau de Saint-Martin, coloca-
se junto da janela, entre o meu gabinete
e a sala para onde vão as testemunhas, a-
fim de poder observar quasi ao mesmo
tempo tanto o sujet como os atos execu¬
tados pelos novos experimentadores.
— Primeira experiência — Mme. Four¬
nier assenta-se sobre a mesa. — E o sujet
logo diz : «Vejo Mme. Fournier que está
sentada sôbre a mesa».
II — As três testemunhas passeiam
Revista Internacional do Espiritismo
— 347 —
pela sala e gesticulam. — O sujet diz : «An¬
dam e fazem gestos com as mãos ; não
sei o que isso quer dizer».
III — Mme. Sthal toma uma bro¬
chura de sobre a mesa, depois abre-a e
apresenta-a a Mme. Fournier. — «As duas
senhoras estão a ler» — diz o sujet.
IV — As tres referidas pessoas dão
as mãos umas ás outras, formando cadeia
e passeiam em volta da mesa.
«E’ comico — diz o sujet — dansam
em volta da mesa como três imbecis».
(Continua).
XXXXXXXX XXX XXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
UM CASO INTERESSANTE DE IDENTIFICAÇÃO ESPÍRITA
« Constância »
Prof. Ernesto Bozzano
O caso que me proponho a re¬
sumir, foi relatado por um investiga¬
dor que procede com métodos rigo¬
rosamente cientficos e que permane¬
ce irredutivelmente céptico com res¬
peito á interpretação espírita das ex¬
traordinárias manifestações mediúni-
cas que êle obteve.
O livro do qual o exlraio, tem
por titulo: Forfy Years of Psychic Re¬
search (Quarenta Anos de Investiga¬
ção Psíquica) e seu autor é o bem
conhecido escritor norte americano
Hamlin Garland, que, chegado aos 75
anos, resolveu publicar os importan¬
tes relatos das experiências psíquicas
que êle mesmo dirigiu, em caráter de
«Research Officer» das duas «Socie¬
dades Americanas de Estudos Psíqui¬
cos», que se sucederam nos Estados
Unidos. Trata-se de um investigador
oficial, rigorosamente cient fico que,
além de tudo, sabia experimentar. O
que significa que, ao contrário dos
outros «Research O ficers», nunca, ol¬
vidou que os instrumentos de traba¬
lho neste campo são indivíduos hu¬
manos de extrema sensibilidade. Em¬
pregou portanto, em todos os momen¬
tos e antes de tudo, o maior cuidado
em atrair a simpatia e a confiança
dos médiuns, afim de poder, por esse
meio, aplicar os controles mais rigo¬
rosos; direi de boa vontade: os mais
desapiedados, com pleno consenti¬
mento das vítimas, que a êle se a-
bandonavam com emocionante espi¬
ritualidade. Realizou sessões com nu¬
merosos médiuns profissionais, mas
em seu livro, somente menciona al¬
guns fenômenos excecionais com e-
les obtidos, afim de se consagrar ás
experiencias pessoais com cinco ou
'
I .
seis médiuns particulares que, perma¬
necendo desconhecidos, eram, não
obstante, bastante poderosos para se
tornarem célebres, se não houvessem
considerado seus poderes como algo
sagrado e religioso, que não era con¬
veniente profanar procurando notorie¬
dade e interêsse.
A obra de H. Garland, pelas ma¬
nifestações extraordinárias a que as¬
sistiu o autor e o rigor dos controles,
é uma das mais importantes e das
mais edificantes que tem aparecido á
luz do mundo inteiro, depois de mui¬
tos anos. Sôbre a mesma publiquei
extensa análise que foi comentada na
Italia, mas, aqui, somente me propo¬
nho referir e estudur um caso com¬
plexo e pouco vulgar de identificação
espírita, que apresenta modalidades
excecionais de desenvolvimento, ain¬
da que haja participado da sorte de
todos os outros casos do mesmo ge-
nero, isto é, não logrou convence-lo
da origem extrínseca eu espirita dos
casos desta natureza.
A este propósito, constato que o
cepticismo irredutível do nosso autor,
ante a eloquência das provas, foi se¬
veramente exprobado por certos crí¬
ticos, mas injustamente, segundo mi¬
nha opinião. A cada qual assiste o
direito de pensar por si mesmo, sem¬
pre que suas convicções sejam a ex¬
pressão sincera de sua alma e sob a
condição de também êle respeitar es-
crupulósamente as convicções de ou¬
trem. Ora o nosso autor se manifesta
completamente respeitoso em face
das opiniões dos que divergem de
seu modo de pensar, e vai mesmo a
ponto de declarar que ardentemente
se esforça por participar de suas con-
- 348 -
Revista Internacional do Espiritismo
vicções, lamentando seu próprio cri¬
tério que a isso o impede. Que mais
se poderá exigir?
Parece-me que seu cepticismo,
fundado sôbre considerações gratuitas
de filósoto estranho á metapsíquica,
deva ser pelo contrário um tema de
reflexão instrutiva para os leitores do
livro, pois que não se poderá sensu-
rar um autor que sinceramente expõe
seu estado de alma, seja êle qual for.
Nada mais ha além de imoderações
de linguagem que, mui frequentemen¬
te, sãc empregadas pelos adversários
contra defensores da hipótese espiri¬
tista ; nada mais que imoderações in¬
justificáveis e irritantes que devem
ser superadas por um raciocinar e-
nérgico. Isto tanto mais por serem
fiequentemente expressas ern termos
de comiseração e de superioridade,
cheios de arrogância, pelos que olvi¬
dam que entre os defensores, em
questão, ha célebres homens de ciên¬
cia, como Wallace, Crookes, Myers,
Barrelt, Hcdgson, Hislop, Gelley, Du
Prel, Lombroso, Brofferio, Luciani. Mi¬
sérias e erros da fatuidade humana.
Depois desta extensa introdução,
proponho-me a resumir o caso em
apreço, advertindo que meu resumo
somente pode dar uma pálida idéia
da impressão altamenie sugestiva, do
ponto de vista espírita, que se obtem
dos informes do mesmo caso, infor¬
mes que ocupam nada menos de
uma centena de páginas do livro.
Encontrando-se em Chicago, o
nosso autor deparou casualmente, em
casa de um amigo, com uma senhora
de nome Hariley, que lhe foi apresen¬
tada como médium de escrita. Natu¬
ralmente expressou o desejo de rea¬
lizar com ela algumas sessões, mas a
senhora se recusou, sob pretexto
de não ser um médium profissional,
para em seguida confessar:
«Sois um escritor, e não quero
expor me a ser objeto de artigos sen¬
sacionais. Sou viúva e mãe de um me¬
nino de doze anos; devo ser prudente».
Einalmente o nosso autor, ro¬
deando-a de atenções e fazendo-lhe
promessas, logrou vencer seus escrú¬
pulos, e com amigos comuns, realizou
sua primeira sessão. À mediunidade
da senhora Hartley consistia em fa¬
culdades de «voz direta» e «escrita
direta», esta última entre duas ardó¬
sias ligadas e dispostas de maneira
a deixar um espaço suficiente gue
permitia um pegueno lapis mover-se
e escrever. O médium não caia em
transe e as sessões se realizavam á
plena luz do dia.
Hamlin Garland trouxera as ar¬
dósias consigo, entre as quais intro¬
duzira uma fôlha de papel dobrada,
sôbre a qual estavam escritas estas
palavras : Querido Eduardo, para ser¬
vir de prova de identidade, reproduze
aqui alguns compassos do teu ma¬
nuscrito musical inédito.»
Este nome era o de seu amigo
Eduardo Mac Dowell, músico e com¬
positor de talento, morto poucos me¬
ses antes.
Ele mesmo quis fechar as ardó¬
sias, em seguida entregou-as ao mé¬
dium, que as colocou sôbre a mesa,
convidando o experimentador a con-
serva-las a seu lado.
Este fez a seguinte observação:
«Percebi o ruído de um lapis que
escrevia no interior das ardósias e cons¬
tatei o fenômeno pelas vibrações das
mesmas ardósias, ao mesmo tempo que
o médium igualmente assegurava por um
lado com a mão direita, estando a es¬
querda pousada sôbre a mesa.
Terminada a escrita, o médium
retirou as ardósias e abriu-as. Ambas
haviam sido utilizadas. Sôbre uma po¬
dia se ler u’a «mensagem» do «espírito
guia» e sôbre a outra, estas palavras
bem significativas para mim : «Deseja¬
ria que me pudesses ver transformado
tal qual estou, sempre absorvido pelo
trabalho e feliz por assim ser!» (Ass.
M. A. Mc Dowell».
Debaixo da mensagem á esquer¬
da, estavam traçadas quatro linhas
sôbre as quais se podiam ler três no¬
tas musicais.
O autor observa: «O nome es¬
crito era Mc Dowell, em lugar de Mac
Dowell, mas as iniciais que o prece¬
diam e que eu não havia escrito no
papel, eram exatas».
O mesmo fenômeno se reprodu¬
ziu durante uma das «reprises», o a-
migo defunto escreveu esta mensagem :
«Estou extenuado, já não sou o
Revista Internacional do Espiritismo
— 349 —
mesmo. Agora sinto-me reviver num
ambiente de progresso infinito. Como
está minha mulher ? Algüem a socorre?»
À esta última pergunta liamlin
Garland respondeu em vóz alta : «Ela
está bem. Não é infeliz e alguém a
prole ge».
A mensagem tinha um elevado
significado probatório, pois o defunto
comunicante havia sofrido grave en¬
fermidade mental que o havia impe¬
dido de trabalhar até sua morte.
Durante uma das repetições do
fenômeno, enquanto o médium manti¬
nha as ardósias sôbre a mesa, estas
escaparam de suas mãos e foram cair
sôbre os joelhos do autor. Este ob¬
serva :
«Enquanto estas estavam sôbre
meus joelhos, eu ouvia o lapís correr
em seu interior. Quando as abri, não
notei que o pentagrama houvesse sido
retocado, as linhas estavam melhor marca¬
das e numerosas notas haviam sido a-
grcgadas».
E outras notas musicais conti¬
nuavam a alinhar-se a cada nova re¬
petição, ao mesmo tempo que um dé¬
bil «murmúrio» começou a fazer-se
ouvir, respondendo ás perguntas do
experimentador, em vez de responder
mediante a escrita nas ardósias, co¬
mo anteriormente. A este respeito, ob¬
serva o autor:
♦Devo reconhecer que todas as
observações do amigo defunto eram fei¬
tas de maneira impressionante, aLsolu-
tamente conformes ao seu caráter.' A-
lém adisso, parecia ansioso, profunda¬
mente ansioso, de obter notícias de sua
esposa e de seu real estado de saude.
Simultaneamente pela escrita direta, ou¬
tras notas a mais se alinhavam e estas
mais cuidadosamente traçadas. O «mur
múrio» informou que essas «notas» e-
ram extraídas do terceiro «movimento»
de sua «sonata trágica». Logo se su¬
cederam outras notas, mas acompanha-
dase por outro título: Húngara ou Hun¬
gria. Falando com o invisivel, pergun¬
tei : * Estas notas são talvez extraídas
de alguma composição inédita A «Sim*.
«E’ uma composição ou melhor , notas á
margem de uma composição ?» « E um
pequeno trecho de música. » « Onde se
encontra i» « Entre meus manuscritos em
Nova York , em minha casa . . .»
Note-se que esta nova música a-
pareceu sôbre as ardósias, ao tempo em
que estas estavam debaixo de meu pé !
Em meu pé eu sentia as vibrações do
fenômeno. A notar, além disso, que fui
eu mesmo quem abriu as ardósias, sem
intervenção do médium . . .
Devo confessar ainda que nesse
momento senti a impressão de achar-
me em contacto com o falecido amigo.
A’ medida que esses murmúrios se tor¬
navam mais interessantes, ou vigiava
com redobrada atenção, os lábios do mé¬
dium, sem conseguir nem perceber siquer
a sombra de um movimento dos mesmos
ou da garganta. Como quer que seja,
evidente se torna que a hipótese da
ventriloquia não poderia explicar o fe¬
nômeno das notas musicais traçadas sõ*
bre as ardósias seguras, a princípio, em
minhas mãos, e logo em seguida, de¬
baixo de meu pé.
Como as notas musicais apare¬
ciam acumulando-se, dirigi-me ao invi-
vel para lhe dizer: «Eduardo, tu foste
além das minhas capacidades de expe¬
rimentador. Não posso transcrever es¬
tas notas de musica, e muito menos
identifica-las. Necessito de alguém que
me ajude. Lembras-te de Henrique Ful-
ler de Chicago? Sim, respondeu —Pro¬
ponho-me a faze-lo vir ás sessões. Ele
tem prática da escrita musical e é um
excelente pianista. Graças a êle, estarei
em condições de pôr em ordem as três
mensagens». O invisivel deu seu assen¬
timento, mau grado a desagradavel e
inevitável interrupção das sessões que
se seguiu.»
Continúa
Sim, creio que depois do derradeiro sono
Ha de haver uma treva e ha-de haver uma luz,
Para o vício que morre ovante sôbre o trono,
Para o santo que expira inerme numa cruz.
- niiFRRA jUNQUEIROEE
— 350
Revista Internacional do Espiritismo
Um voo de Flores...
Os chamados fenômenos físicos,
por sua natureza profundamente obje¬
tiva, sempre interessaram aos investi¬
gadores das manifestações supranor-
mais. À dificuldade que reveste essa
fôrma fenômenica, dada a raridade
dos médiuns especializados, é mais
um fator de interêsse na análise de
tais manifestações.
De longa data nos dedicamos
ao estudo desses fenômenos. E’ bem
verdade que o nosso desiderato não
é, apenas, o de obter fenômenos físi¬
cos, pois que, apesar de tudo, apesar
de conhecermos a importância que
têm esses fenômenos, como prova da
imortalidade da alma, no estudo da
ciência espiritista, dedicamo-nos mais
á investigações dos chamados fenô¬
menos mentais dirétos, como a «voz
diréta» e a «materialização de fantas¬
mas falantes». Mas, quando, esponta¬
neamente, as manifestações físicas
que, quasi sempre antecedem as men¬
tais, se verificam, não deixamos de
estuda-las.
Foi o que sucedeu na noite de
l.° de agosto do ano passado.
Reunimos em nossa casa, uma
vez por semana, um grupo de estu¬
diosos do Espiritismo, para trabalhos
de «voz diréta». Às nossas sessões
são feitas em caráter particular, pois
que o médium ainda não se acha
completamente desenvolvido. Convém
assinalar também que os Espíritos
Guias dos nossos trabalhos, de vez
em quando costumam suspender as
sessões, estabelecendo, quando o fa¬
zem, a duração da folga. Justamente,
depois de 69 dias de férias forçadas,
reiniciámos os trabalhos no dia l.o de
agosto. O grupo todo estava reunido.
Éramos eu, Antonio Castilho, Urbano
de Assis Xavier, D. lzabel Castilho,
D. Maria Jannoni, srtas. Adelaide Brun-
cow, Rosa Therezínha Negrão e D.
Hilda Negrão, o médium.
Logo no in cio da sessão a cor¬
neta luminosa foi levitada e em se¬
guida ouvimos a voz do Bororo, um
dos Espíritos dirigentes. Disse-nos que
tudo ia bem e que nos iraria um pre¬
sente. Momentos após ouvimos outra
voz, que nos disse :
— «Que a paz de Jesus esteja
com todos. Sou Cairbar Schutel. À-
gradeço ao Urbano ter levado o pes¬
soal a Matão. Ficaram todos muito sa¬
tisfeitos Um abraço».
Schutel referia-se á sessão de
Foto, em pose, de 26 dos 47 ra¬
mos de flores de hervdha
de cheiro.
«voz diréta» que realizámos em Ma¬
tão na noite de 24 de junho do ano
passado, cujo relato foi publicado no
«O Clarim» de l.o de julho e na «Re¬
vista Internacional do Espiritismo» de
15 de julho
Em seguida comunicou-se o Es¬
pírito de D. Elisa Maria da Silva, mãe
do médium D. Elisa palestrou longa¬
mente conôsco, encorajando a filha.
Segundos se passaram. Estava-
Revista Internacional do Espiritismo
351
mos em silêncio, ouvindo apenas o
som da vitrola. Nenhum fenômeno fe¬
ria a nossa retina ou os nossos ouvi¬
dos. Em dado momento, porém, ouvi¬
mos e sentimos que caía sôbre todos
nós alguma coisa. Verificámos que
eram flores, muitas flores, pois que o
fenômeno teve longa duração. Os ra¬
mos de flores tinham um suave per¬
fume, um perfume sutil, razão por que,
não pudemos identifica-las de pronto,
dado o ambiente de obscuridade em
que nos encontravamos.
Depois desse fenômeno, ouvimos
de novo a voz do Boróro. Ao nosso
lado, bem junto ao ouvido esquerdo,
disse-nos :
— «Gostou ?*
Agradecemos o presente. Está¬
vamos comentando com os demais o
inexperado da manifestação, quando
ouvimos outra voz. Era a do dr. Adhe-
mar de Assis Xavier, irmão falecido
do Urbano. Conversou com seu mano
e depois retirou-se. Quando acende¬
mos a luz, verificámos que o chão
estava coalhado de flores. Flores de
côr branca. Eram 47 ramos de flores
de hervilha de cheiro, com caules cui¬
dadosamente cortados, de 25 centí¬
metros mais ou menos de compri¬
mento. Em nossa casa, onde não ha
horta, nem nas casas vizinhas, não
encontramos dessas plantas. Julgamos
que essas flôres foram tiradas de al¬
guma floricultura e isso quer dizer que
foram transportadas de muito longe,
pois que as casas de flores em S.
Paulo ficam no centro da cidade e a
nossa casa no bairro do Ipiranga.
ODILON NEGRÃO.
0 Espiritismo em face da Ciência
. LEOPOLDO MACHADO — —
- XVII -
Transmissão do Pensamento
Como a histeria, é a transmissão de
pensamento, as histórias complicadas do
conciente, inconciente e subconsciente, as
alucinações e outros vocábulos bonitos, le¬
vados por aí afora e por toda gente
que nada entende de Espiritismo, á conta
da explicação dos fenômenos mediúnicos.
Mais modernamente, quando os fenôme¬
nos são inteligentes, é prova de cultura
apelar-se para o sexto sentido, /ipela-se,
modernissimamente, para a esquizofrenia,
para a espiritopatia, para o delírio espírita
episódico, se os fenômenos são de ordem
patológica.
Vejamos o que ha de verdade em
quantos procuram se arrimar, diante do
mare-magno dos factos, em tais tábuas de
salvamento:
A transmissão do pensamento existe.
E’ um facto concreto, afirmam-no quan¬
tos já se ocuparam, cientificamente, com
ele. Concreto e «científico», tão certo
quanto a existência de Paris, de Napo-
leão, do oxigênio ou de Sirius,» afirma
Camilo Flamarion.
Se existe, — e são acordes em afirmá-
lo cientistas espiritualistas e materialistas !
— que deve ser? Uma doença? Uma fa¬
culdade da alma? Fenômeno de uma ciên¬
cia nova ?
Feito uma doença deveria tê-lo to¬
mado o cientista Frederico Myers que lhe
deu o nome : Telepatia, assegurando, com
provas, em 1882, que «o pensamento hu¬
mano póde agir a distância, sem auxílio
de nenhuma vibração material, atuando
sôbre o pensamento de outro indivíduo.»
Este expressivo «sem auxílio de nenhuma
vibração material,» está a excluir qual¬
quer função nervosa ou material da trans¬
missão do pensamento, função exclusiva
do Espírito. Provado que ficou, em ante¬
riores artigos, que o pensamento não é
função dos neuromos cerebrais, mas do
Espírito, é óbvio que a Telepatia antes
afirma do que infirma a existência do Es¬
pírito. Nem o levianissimo transmissão do
pensamento, ou telepatia, que se ouve, á
miude, dos lábios de indoutos no assunto,
serve para explicar fenômenos mediúnicos
inteligentes. Dí-lo assim Charles Richet,
no seu Tratado de Metapsíquica: «Crê-se
haver tudo explicado, quando se diz «te¬
lepatia». Mas, não se explica coisa nenhu-
— 352 —
Revista Internacional do Espiritismo
ma. A vibração cerebral conciente ou
não, continua um mistério.» E mistério,
sê-lo-á para a ciência materialista, indeci¬
frável, enquanto ela não se espiritualizar !
O fenômeno existe, pois, e continua
um mistério. Se ainda não é conhecido
na sua origem, como, então classificá-lo
de doença transmissível á distância, a jul¬
gar pelo próprio termo, justaposição de
dois elementos gregos: tele + pathos, c uja
tradução, ao pé da letra, seria — afecçao a
distância ? !
O rev. -Evan W. Hitchings, a des¬
peito de seu credo protestante, insurge-se
contra a telepatia explicando factos espí¬
ritas. Por LIGHT, de 7 de janeiro, de¬
pois de narrar uma bôa série de fenôme¬
nos espíritas, observados em pessoas de
sua família, os quais fora fastidioso aqui
englobados, coriclue : «Para mim, é muito
mais simples e verdadeiro declarar que
os meus amigos do Espaço vieram trazer-
me provas, que afastam toda e qualquer
idéia telepática, ou do inconciente . . .»
Forçando sua entrada nos domínios
da psicologia experimental, maximé depois
das experiências realizadas pela SOCIETY
FOR PSYCHICAL RESEARCH, a Tele¬
patia passou a significar «Toda espécie de
fenômenos em que um sêr humano co¬
nhece á distancia e sem auxílio dos sen¬
tidos ordinários, a vontade ou o pensa¬
mento de outra pessoa. Deixa, portanto,
de ser doença transmitida à distância, pa¬
ra ser uma faculdade do Espírito, quiçá
uma virtude. Virtude e faculdade que, a
a despeito de só agora ocupar os estudos
de nossos cientistas, era já conhecida e
praticada de tempos imemoriais. Franz
Pudmore escreve que, «por meio da te¬
lepatia, — que não é mais, para êle, do que
o retrocesso atávico a um passado longín¬
quo — era que os primitivos selvagens se
correspondiam entre si.»
Talvez por sentir que a Telepatia
não era doença, foi que Emile Boirac pro-
poe substituir-lhe a denominação para Te-
lepsíquica. Nós optariamos, se tivéssemos
autoridade para tanto, pelo Telepsiquia ,
por uma questão linguística, visto derivar
de psiché, e pelo facto do sufixo ico ser,
mais comumente, próprio á formação de
adjetivo. Myers, avançando nos seus estu¬
dos, crêa a Telestesia, uma forma de trans¬
missão do pensamento «por um modo di¬
ferente dos sentidos sem referência a ou¬
tro sêr.» Richet opina pelo termo cripte s-
tesia. Pouco importa os nomes, todos'
mais ou menos empolados, a vocabulários
gregos, desde que o facto exista!
Pois, a despeito de cientistas de ver¬
dade, porque experimentadores e estudio¬
sos dos factos, atestarem a existência do
fenômeno, — que não póde ser, repetimos,
doença, mas função do Espírito, — a ciên¬
cia materialista, oficial, ainda põe-no á
conta de factos duvidosos, ou á conta de
«coisas incríveis,» como viramos, agora,
em Imprensa zMédica , da pena do médico
Mendonça Castro . . .
Alexis Carrel, um cientista côncio
da existência da Telepatia, a que empres¬
ta relevante apreço, em a sua admiravel
obra «O Homem, esse "Desconhecido ,» asse¬
gura que, embora «a maioria dos biolo¬
gistas e dos médicos neguem a telepatia e
outros fenômenos metafísicos,» o facto é
que, «não obstante tratar-se de atividades
raras no sêr humano, é ela um facto.»
E, mais incisivamente : «Aqueles que se
acham dotados de tais faculdades captam
os íntimos pensamentos de outros indiví¬
duos, sem terem para tal que fazer uso
de seus sentidos.» E vai mais longe, afir¬
mando incisivamente, como se fosse um
espiritista intuido das verdades espirituais
que «os homens de ciência não devem os
seus notáveis descobrimentos apenas ao
trabalho de laboratório, mas também a
certas forças frequentemente ignoradas,
ou não reconhecidas, que,- na realidade
desempenham um importantissimo papel
como guias do pensamento cientíiíco, a-
través dos labirintos de hipóteses e con¬
jeturas, etc.»
Nós, espiritistas, chamamos, com a
prova dos factos e a lógica da argumen¬
tação, a esses «guias do pensamento,» da
afirmação do grande biologista do «Insti¬
tuto Rockefeller,» de Espíritos guias, ou
Espíritos afins e simpáticos, que vêm tra¬
zer aos homens, a intuição daquilo que
gostariam de realizar, no sentido de que
a humanidade avance mais na senda do
Progresso. . .
Cesar de Vesme, recem-falecido é
outro grande investigador, que não era
espiritista, chegou, como Richet e Carrel,
á mesma evidência do fenômeno telepáti¬
co, por isso que afirmou, em «Revue de
Metapsichique», em 1935 : «Não é que
contestemos a autenticidade dos fenôme¬
nos que se registram sob a rubrica de te¬
lepatia. O que estamos, é inclinado a pen¬
sar que esse grupo de factos paranormais
pertencem á qualquer outra classe, que
Revista Internacional do Espiritismo
— 353 -
não á telepatia». Classe que não soube,
entretanto, precisar ; que precisar nunca
saberá, dado o sentido anti-espiritualista
com que se procurou solucionar o pro¬
blema . . .
Pinto de Carvalho, em belo artigo
inserto na Revista Espírita do Brasil, de
Março de 1937, estuda os fenômenos tele¬
páticos, concluindo que «renegá-la seria
ultrapassar as raias do absurdo, porque
atestada por número respeitável de docu¬
mentos incontestáveis».
Experiências recentes de gabinete —
dí-lo Gringoire , de Paris — atestaram os fac¬
tos que o materialismo superficialmente
cientifico nega. Abramowiski, realizou ex¬
periências em Varsóvia, antes do grande
e doloroso sacrifício desta cidade, vendo
50 °/o de suas experiências coroadas de
êxito. Naturalmente por deficiente esco¬
lha de percipientes. Warcolier, em França,
diante dos resultados obtidos, satisfatórios,
confirma que «existe alguma coisa. Mas,
nós ignoramos ainda o segredo da telepa¬
tia». E só quando admití-la feita força es¬
piritual, ou o próprio Espírito a projetar-
se de um sêr a outro sêr, ter-se-á o co¬
nhecimento integral do que ela é. Osso-
wiecki diz, materialisticamente, que «a
memória individual existe ainda depois da
morte, e que póde, em certos casos, ser
atingida por uma comunicação telepática».
Claro que deve existir, de vez que é ela
faculdade do Espírito, que sobrevive á
matéria.
A telepatia é, sem sombra de dúvi¬
da, a exteriorização de forças espirituais,
da conciência espiritual de um indivíduo,
passivel de explicação sómente pelos fac¬
tos registrados através das ciências psíqui¬
cas, das explicações racionais que os Espí¬
ritos de luz no-las transmitem.
Estamos com Léon Denis, quando
afirma que «a telepatia, o projetar, a dis¬
tancia, do pensamento, e mesmo da ima¬
gem do manifestante, faz-nos subir mais
um degrau da escala da vida psíquica».
(O Problema do Sêr e do Destino). Pro¬
jeção que se processa através da vista, dos
ruídos e sons, da audição. Daí Gabriel De-
lanne agrupá-la em três estados distintos,
vibratórios, que denomina de visuais, men¬
tores, sensitivos. Discriminar os fenômenos
já registrados nos anais das Ciências Psí¬
quicas, constantes nas obras que por aí
vemos, ao alcance de todas as bolsas, não
é tarefa para enquadrar-se nos moldes de
um artigo ligeiro . . .
* S/l k/l k/l k/l KJi k/ Kj K/l -v/1 k/l k/l -s/* k/l k/» k/l k> k/l k/* k/l k/* k/l k/* k/l k/t k/t k/t k/l k/t
tr% irN rN y% rN rN y% y*^ irN y% * /*■« yN ys ^ ^ y>. y^- y% ys, y% \ri y% y^ y% y>< y^ y% ys
DE QUANDO EM QUANDO
EDUARDO LEITE DE ARAÚJO
(Da A. P. I.)
SE o campo das perquirições
psíquicas é fértil na produção
dos fenômenos os mais emo¬
cionantes, também o é dos
mais dificultosos pelos óbices que sur¬
gem a cada passo, como que a de¬
safiar a paciência dos que se dedi¬
cam a tais experimentações. Estas se
revestem da maxima gravidade. Ne¬
las não deverão tomar parte indiví¬
duos dotados de sistema nervoso de¬
bilitado, e menos ainda deverão as¬
sisti-las os cépiicos ferrenhos, ou os
frívolos. Estes últimos que se ocupam
tão sómente das banalidades do mun¬
do para preencher as suas horas de
ócio ; gente dessa natureza não deve
ser admitida a semelhantes sessões.
Considere-se já as controvérsias
existentes nos comentários dos cien¬
tistas que se tem dedicado a esses
estudos. Em se tratando de assunto
por excelencia transcendental e va¬
riando de uma fórma extraordinária
as modalidades mediúnicas, eles, os
doutos, tem tirado conclusões as mais
disparatadas, se não as mais absur¬
das, criando ao mesmo tempo teorias
e terminologias intrincadas. Ora, se
entre os cientistas, com algumas ex¬
ceções, são estabelecidas tais desin-
teligências, maximé o será entre aque¬
les que não se encontrem suficiente¬
mente preparados para tal ordem de
investigações. Portanto, os cretinos ou
os fúteis, não deverão imiscuir-se em
tais assuntos. À sentença evangehca
é peremptória: não atirem pérolas
aos porcos.
O professor Ernesto Bozzano, que
— 354 -
Revista Internacional do Espiritismo
na lialia se tem destacado de uma
fórma eminentemente extraordmaria,
com a sua dialética riquíssima e em¬
polgante, tem confundido aqueles cien¬
tistas que, obstinados, procuram se
firmar em seus frágeis argumentos ne¬
gativos quanto á sobrevivência do es¬
pírito, embora aceitando os fenôme¬
nos. Assim sucedera também a Lom-
broso, quando inicialmente começou
a observar os fenômenos psíquicos ou
metapsíquicos, e que, confessando ser
escravo dos factos, não aceitava, po¬
rém, a sobrevivência do espírito. E,
só mais tarde, acumulado de provas
sôbre provas, é que se rendeu á evi¬
dência, declarando, em retratação,
envergonhar-se de tudo quanto es¬
crevera contra o Espiritismo.
Bozzano obteve, em caria confi¬
dencial, de Charles Richet, a decla¬
ração de que a sobrevivência da al¬
ma era um absurdo , porém uma ver¬
dade !
Fundamentados principalmente
nas obras de Allan Kardec — inega¬
velmente o primeiro metapsíquista que
surgiu, muito antes de Richet lançar
a designação pomposa—, de Gabriel
Delanne e de outros pioneiros do Es¬
piritismo, temos realizado algumas ex¬
periências, com resultados interessan¬
tes. Isso, sem que nos engolfemos nos
oceanos daquelas tortuosas cogita¬
ções que tanto tem agitado o cére¬
bro dos doutos. Encaramos os factos
com a maior calma e simplicidade, e
sob o prisma de contribuição positi¬
va para a demonstração real da so¬
brevivência do espirito.
Não pretendemos afirmar que tes¬
temunhámos todos os fenômenos psí¬
quicos ou metapsíquicos, porém, te¬
mos as nossas observações pessoais
no terreno experimental.
O material colhido ainda é pe¬
queno, mas, valioso e animador.
tia uma ansia muito acentuada
da parte de todos que veem acom¬
panhando o surto extracrdinario que
tern tido o Espiritismo em nosso país,
não obstante a charlatanice que exis¬
te por toda a parte, e os tartufos
guindados, pelos de boa fé, a gran¬
des beneméritos.
Algumas experiências já veem
sendo teitas, principalmente em nosso
Estado, e depois de uma série de
conferências radiofônicas levadas a
afeito pelo devotado confrade Odilon
Negrão, que vem, de se tornar uma
revelação, das mais brilhantes no seio
da familia espírita. A sua cultura é
sólida, e os seus dotes oratórios são
de moldes entusiásticos e convincen¬
tes, porque a sua erudição tem por
base um acervo abundante de factos
concretos e excelentemente valiosos.
Assim sendo, tem êle despertado um
interesse fóra do comum em todos os
meios, espíritas e não espíritas, para
os estudos dos fenômenos psíquicos,
maximé, para os da escrita e voz-di-
réta.
O nome de Odilon Negrão an¬
tes de se evidenciar nos meios espí¬
ritas, já tinha a sua reputação firma¬
da como literato e jornalista a des¬
peito da modéstia que o carateriza.
Os factos e acuradas observações, le¬
varam-no a se dedicar com grande
amor ac estudo dos fenômenos su-
pra-normais, constituindo para tanto,
no próprio lar, o seu laboratório de
pesquisas. Organizou, com redusidis-
simo número de amigos, o seu nú¬
cleo familiar, sendo a sua exma. esposa
o médium principal. Tivemos a ventura
de, inícialmente, fazer parte desse
grupo, do qual nos afastámos em con¬
sequência da transfrência de nossa
residência. No entanto, não obstante
encontrarmo-nos distanle, vimos acom¬
panhando o desenrolar de suas ex¬
periência que, dia a dia, vão tendo
desenvolvimento.
A experiência que temos adqui¬
rido não só nos trabalhos do grupo
familiar constituídos por Odilon, como
nas precedentes, quando desempenha¬
vamos o cargo de diretor da Secre¬
taria da Sociedade Metapsíquica de
São Paulo, nos animou a continuar¬
mos com as perquisições em outro
setôr. Organizámos para esse fim, um
grupo íntimo em São Vicente, contan¬
do com a boa vontade de um mé¬
dium — espirita de ha muitos anos
snr. Francisco Serpa que se nos afi¬
gurou dotado de faculdades para os
fenômenos de efeitos físicos e, talvez
para os de voz-diréta ou materializa¬
ções.
Os resultados obtidos, logo de
início, e com grande surpresa nossa.
Revista Internacional do Espiritismo
355 —
leem sido promissores, mau grado u~
ma série enorme de dificuldades que
temos deligenciado vencer.
Em próxima crônica narraremos
algo do que temos colhido, e o fa¬
remos com o propósito de incentivar
os interessados a constituírem tam¬
bém os seus grupos íntimos para os
estudos e perquisições dessa natu¬
reza. Entretanto, é preciso repetir, os
que não estiverem devidamente pre¬
parados, não deverão se meter em
tais emprezas. Antes de tudo faz-se
mister o conhecimento das obras fun¬
damentais do Espiritismo: não haja
descura alguma nesse sentido.
Santos — Novembro, 1959.
NOVOS RUMOS Á MEDICINA
■ =t— — == DR. IGNACIO EERRE1RÀ ' ~
A observação do enfermo de que
vamos tratar hoje, é bastante interessante
por encerrar, em si, não só provas corro¬
borando conceitos já dispendidos em ou¬
tros artigos, como também, servindo de
padronização para outros conhecimentos e
outras experimentações !
E’ um dos casos típicos de encontro
aos quais a ciência médica oficial, a-pesar-
de todos os seus conhecimentos e todos
os seus recursos, tem que lutar, improfi¬
cuamente, para explicar a etiologia e fun¬
damentar um diagnóstico para, criteriosa¬
mente, lançar mãos dos recursos terapêu¬
ticos necessários á cura dos doentes.
E o prognóstico ?
Só poderia ser bastante duvidoso, e
mesmo, fatal, não só ante os distúrbios
completos de que se ressentia o organis¬
mo, como também, ante os sintomas do¬
minantes e caraterísticos de uma perfeita
e perigosa alienação mental. Esse paciente
chegou, ao Sanatório, completamenue a-
marrado com cordas fortes, pois havia
sempre necessidade do auxílio de várias
pessoas para contê-lo, no estado de agita¬
ção violenta e constante, em que se acha¬
va comumente.
Olhar desvairado, demonstrando, ora
ódio, ora terror, assombrado com qual¬
quer cousa que se lhe passava em torno
e da qual era a única testemunha, gritan¬
do, falando, sem cessar, palavras e frases
incoerentes, sem nexo, sem sentido algum.
Livre das cordas que o continham,
continuara a ter as crises de grande agi¬
tação, com idéias aterrorizadoras e fenô¬
menos alucinatórios.
Desorientação de tempo e espaço,
sem memória e sem raciocínio.
A ciência oficial, após inúmeros e
dispendiosos exames e análises de labora¬
tórios, catalogá-lo-ia, naturalmente, como
um caso de psicose infeciosa , fórma aluci¬
natória ou aguda.
Viriam, logo, os medicamentos apro¬
priados e, no fim de um certo tempo, tal¬
vez, o paciente estivesse bom, represen¬
tando, a sua cura, mais uma prova do po¬
der e da sapiência dos homens da ciência
oficial . . .
Como médico espiritualista que o
somos, reconhecemos logo tratar-se de
um caso de obsessão, embora, para ela
houvesse, no físico do enfêrmo, natural¬
mente, uma porta aberta para que ela se
processasse.
Em vista do diagnóstico e em vista
do organismo do paciente estar em con¬
dições de suportar a causa etiologica —
ação maléfica de entidades invisíveis e in¬
teligentes, desconhecedoras do estado de
desencarnadas, segundo nos parecia, não
nos preocupámos com análises dispendio¬
sas, pesquisas demoradas e, nem tão pou¬
co, com terapêutica medicamentosa, por
vezes só acessível aos privilegiados de
fortuna.
O único socorro feito e permitido,
foi proporcionar-se ao doente, um banho
higiênico, rápido e contêr a sua agitação
em cama apropriada, amarrado, esperando
pelas fases de acalmia.
Durante os primeiros 15 dias essas
fases de calma foram raras e de pouca
duração, motivo pelo que estava quasi
constantemente amarrado, quer durante
o dia, quer durante as noites, que passa¬
va insones, com inquietação acentuada.
Alimentação artificial, com um tra¬
balho insano, mas persistente.
Nenhum exame de laboratório.
— 356 -
Revista Internacional do Espiritismo
Nenhuma análise e pesquisa e, nem
tão pouco, medicamentos capazes de au¬
xiliar o organismo na reação contra o
mal ou os males que poderiam estar sa¬
crificando aquele corpo moço e forte.
Todos os sintomas de obsessão a nós
proporcionados pela prática de tantos anos
e com dezenas de casos idênticos, permi¬
tiam essa atitude.
Além disso, nosso diagnóstico que
poderia ser, também, falível, foi confir¬
mado por médium vidente que sempre
notou, junto do enfermo, várias entidades,
com todos os caraterísticos de estrangei¬
ros e demonstrando desconhecimento do
estado de desencarnado.
Como dissemos linhas atrás, a me¬
dicina oficial, após dispendiosos e inúme¬
ros exames de laboratórios, entraria com
a sua terapêutica e
após certo tempo, o
paciente estaria cu¬
rado.
De facto, assim a-
contece na mór par¬
te das vezes, pois que
a maioria desses ca¬
sos são provocados
por entidades igno¬
rantes do estado de
desencarnados e que,
pelos sentimentos
bons de que são do¬
tadas, ou por si mes¬
mas ou pelo auxílio
de outras entidades
amigas reconhecem
logo a mutação de
estado e se afastam do paciente que tan¬
to prejudicavam inconcientemente.
Si, em vez de um caso de subjuga¬
ção o fosse de possessão devido a entida¬
des concientes do seu estado e movidas
pelo ódio e pela vingança, estaria a ciên¬
cia oficial defronte um caso por ela re¬
putado incurável, como existem centenas,
milhares, espalhados pelo mundo inteiro.
A ciência oficial atribúe a cura da¬
queles á proficiência da sua terapêutica
quando, para o caso propriamente, ela de
nada valeu e de nada valerá.
Com o auxílio do Espiritismo cien¬
tífico obteria a cura de todos aqueles,
quer fossem subjugados ou dominados por
entidades inconcientes, quer pelas concien¬
tes e agindo por maldade e por vingança,
lançando tantos infelizes no rói dos incu¬
ráveis.
Sem esse auxílio, continuará impo¬
tente, incapaz de dar, pelo menos, um a-
lívio a esses sofredores.
Durante 20 dias esperamos pelos a-
contecimentos, acompanhando todas as fa¬
ses para a perfeita orientação e documen¬
tação do nosso estudo, na expectativa da
atenuação dos sintomas de agitação e de¬
sorientação.
Todavia, esse estado de agitação era
demasiado forte e o organismo do pacien¬
te começava a se ressentir devido o cons¬
tante esforço despendido.
Assim, sendo, organizámos no dia
3/5/39» 0 nosso costumeiro trabalho cien¬
tífico e, assim, se manifestou uma primei¬
ra entidade : —
«Não sei de nada; não sei de na¬
da. Não entendo cousa alguma; tudo
é «desconhecido aqui e já me sinto ator¬
mentado com tanta cousa exquisita.
Aqui estou há muitos dias. Vim
para essas terras, como quem vai ao acaso.
Tudo está confuso. Não sei, ao
certo, para que vim e com que inten¬
ção. Estou sem destino.
Meus companheiros, também, es¬
tão. Somos três.
Sou português, mas meus compa¬
nheiros são italianos, e desde que nos
encontrámos, tornámo-nos amigos, ir¬
manados pelo destino que nos deixou
sem casa, sem abrigo e sem família, an¬
dando ao Deus dará.
Vejo-me em terras estranhas, ora
aqui, ora alí, sem conseguir uma esta¬
bilidade.
Pobre deste rapaz ! Está sofrendo
Revista Internacional do Espiritismo
— 357
muito. Encontrei-o tão mal, tão ruim
da sua cabeça, das suas idéias !
Seus amigos pediram para que o-
lhasse por ele. Está muito impressiona¬
do, vendo cousas desastrosas e vejo-me
obrigado a segurá-lo.
Meteu-se-lhe, na cabeça, que vão
prendê-lo, levá-lo para a cadeia e tor-
turá-lo. Não queremos fazer-lhe mal,
pois somos seus amigos.
Chegámos a sua casa e ele ficou
perturbado, pois não esperava por es¬
ses companheiros. Queremos falar com
ele, com bons modos, explicando que
somos amigos, mas êle fica zangado e
não liga importância ás nossas palavras.
Nessa casa, não me tratam como
queria. Si falo, não se importam. Estou
queixoso com isso.
Ha três dias que, apesar dos pro¬
testos dos meus companheiros, uns ho¬
mens que estavam aqui, os levaram, não
sei para onde. O certo é que foram
contra a vontade e ainda não voltaram.
Aqui fazem cousas arbitrárias e como
vocês permitem isso ?
Eu prometi aos meus companhei¬
ros que não deixaria o nosso amigo,
sósinho, enquanto ele estivesse assim e,
no entanto, esse pessoal aqui não deixa
que eu me aproxime do doente para
conversar ou ajudá-lo.
Nessas condições, não quero con¬
tinuar aqui, e apelo para os vossos co¬
rações, pedindo um recurso para voltar
para o Estado de São Paulo. Tenham
paciência ; como bons cristãos, auxi¬
liem-me. Não tenho documentos, pa¬
peis de identificação, nada, a não ser a
graça de Deus. Fui roubado nos vneus
papeis e voltando ao consulado, pedi,
roguei, mas ninguém me deu a mínima
atenção. Levo vida de um pobre dia¬
bo e, embora doente, farei por dar con¬
ta do trabalho que me destinarem...
Notando o cansaço do médium, que
já demonstrava dificuldades em transmi¬
tir mais pormenores, pedimos àquela som¬
bra amiga para continuar, ainda, uns dias,
no Sanatório, enquanto providenciaríamos
a respeito dos recursos necessários para a
sua volta ao Estado de São Paulo.
Por essa manifestação, o espírito pa¬
tenteava a sua ignorância de estado, jul¬
gando-se, ainda, no mundo da matéria e
contribuindo com a sua aproximação, in-
concientemente, para o desiquilíbrio men¬
tal do nosso doente.
E’ bem grande o numero de obses¬
sões nas quais notamos o papel desempe¬
nhado por esses pobres espíritos ainda in-
concientes da sua transmutação, ignorân¬
cia aproveitada por entidades inteligentes,
deles se servindo como comparsas para os
seus planos.
Geralmente são entidades boas e in¬
capazes, pela grandeza de coração, de pra¬
ticar o mal, intencionalmente, e fáceis,
por isso, de serem afastadas.
Só lhes faltam essas oportunidades
proporcionadas pelas sessões de doutrina¬
ções, aliás, o campo mais vasto que se a-
presenta aos espíritas para a prática da
caridade.
O nosso paciente já havia obtido
melhora extraordinária, quando se nos ofe¬
receu oportunidade para nova palestra
com essa sombra errante, dela ouvindo
mais pormenores, e, assim, conseguindo as
nossas observações, o que se deu em 3 de
Maio do mesmo ano, isto é, dias após a
primeira manifestação. Incorporado, assim
falou : —
«Voltei, aqui, receioso e não que¬
ro, mesmo, continuar nesta casa e, sim,
ficar onde estava. Onde ? Não sei ex¬
plicar.
O certo é que o lugar não é
ruim. Somos uma porção e entre os
demais sinto-me confortado pois, todos
animam uns aos outros.
Fui muito infeliz. Vivi muito
tempo naquele estado, sem saber que
havia morrido, andando para aqui e pa¬
ra alí, sem poder parar em parte alguma.
Não me recordo da minha famí¬
lia. Não conheci pai e nem mãe. Fui
criado por uma tia. Vivia em Trípoli,
trabalhando como tosquiador, prolissão
que pouco rendia.
Sendo sósinho, no mundo, resol¬
vi emigrar e vim para o Brasil em com¬
panhia de outros companheiros, uns 15
mais ou menos. Chegámos em um Por¬
to, de cujo nome não me recordo. Lá,
passamos uma vida miserável, dormin¬
do, ao relento e achando tudo exquisi-
to, pois ninguém nos dava atenção.
Escondidos, tomamos um navio e
descemos em outro porto — dizem que
Santos.
Alí, a mesma cousa — sem empre¬
go e sem recursos. Tomamos um trem
e fomos até S. Paulo. Alguns compa¬
nheiros sumiram e eu, com os três res-
- 358 -
Revista Internacional do Espiritismo
tantes, fomos andando e viajando, a
procura de um serviço qualquer.
Em Jundiaí, na estação, encontra¬
mos um amigo e nos sentimos bastante
satisfeitos pois estavamos sem nenhum
recurso, embora recorressemos a um e
a outro.
Ele nos disse que residia em Jun¬
diaí e nos convidou para que fossemos
para uma fazenda. Lá chegando, assistí
a uma discussão tremenda, discussão
travada entre esse rapaz e outros sujei¬
tos, por causa de terras.
Ficamos com dó do rapaz e co¬
mo êle estava muito nervoso, viemos
ajudar á trazê-lo para essa casa. Aqui
chegando, um senhor não deixou meus
companheiros ficar junto dele. Para evi¬
tar que êle brigasse, ficava conversan¬
do, procurando distraí-lo. Não, não o
conhecia. Yim, apenas ajudar a trazê-
lo, vigiando para que não brigasse. Não
sabia que havia morrido e se fiz mal a
êle, não o fiz por gosto e por prazer.
Quero voltar para onde estava.
Pelo menos tenho onde ficar, evitando
essas caminhadas, sem destino».
Após agradecermos suas informações
e o alentarmos com a lembrança da bon¬
dade e da grandeza de Deus, o aconse¬
lhamos para que voltasse, de facto, para
o lugar onde se sentia tão bem, a espera
de novas determinações desse Poder Su¬
premo, cuja sabedoria mais uma vez cons¬
tatavamos, ante aquela palestra de um
vivo com um morto . . .
Um, sondando o país dos mortos, e
outro, voltando ao país dos vivos, forne¬
cendo indicações da sua passagem terrena !
Ah ! Humanidade !
Quão feliz será quando tiver a per¬
cepção e a capacidade precisa para rece¬
ber as mensagens e os ensinamentos dos
reputados mortos !
Nossa observação ainda não estava
completa, pois essa pobre entidade, nada
mais havia sido que um simples joguete
de outra ou outras entidades mais inteli¬
gentes e concientes do seu estado !
Pacientemente, esperamos por essa
manifestação, pois, a-pesar-de ignorarmos
os preceitos que . regem o mundo espiri¬
tual, sabemos, contudo, que eles existem,
pois as provas têm sido por de mais pa¬
tentes para isso.
Quais seriam os designios que nos
forçavam a espera ?
O tempo continuou na sua marcha
imutável e tivemos o prazer de vêr o
nosso doente completamente restabelecido
e o desprazer de vê-lo retornar ao seu
lar, deixando o Sanatório.
Sim, como médico, no campo da
ciência e da investigação, nos sentimos fe¬
lizes por mais um resultado brilhante pe¬
la prova que juntavamos ás demais, pa¬
tenteando, mais uma vez, o que sempre
temos dito : — Só o Espiritismo póde cu¬
rar e cura uma proporção enorme dos
casos de loucura, o que a medicina dos
homens não aceita, mas não consegue curar.
Era a satisfação da vitoria daquele
que tem procurado defender uma causa
justa e tão vilipendiada, presenciando, ain¬
da uma vez, a capacidade e a grandeza
humilde de uma pleiade de médiuns ab¬
negados que nem mesmo sabem dar valor,
por humildade e desprendimento, á ma¬
nifestação, por seus intermédios, da gran¬
deza e do poder de Alguém a que, só a
intuição, tem capacidade de atingir . . .
Médiuns amigos, companheiros de
todos os dias — a vossa missão é tão su¬
blime e tão grandiosa que deponho, en¬
vergonhado, todos os meus conhecimen¬
tos e todos os meus estudos nas vossas
mãos calejadas pelo trabalho arduo e pe¬
sado, curvando a minha pobre sabedoria
e a minha falha ciência, ante a sublimi¬
dade do vosso parco conhecimento !
Continuai na vossa senda.
Ela é pejada de espinhos mas os be¬
nefícios que proporcionais á Humanidade
sofredora e ingrata, são tantos, que eles
se transformarão em alfombras sobre as
quais caminharão os vossos espíritos, quan¬
do se dirigirem ao estrado iluminado pe¬
la irradiação desse Supremo Poder que
não vemos, mas pressentimos . . .
Sim, como homem, o desprazer de
vê-lo partir, alegre e satisfeito, ansioso de
revêr a esposa e atenuar, com beijos e
carinhos, as saudades dos filhos já inquié-
tos pela sua ausência . . .
Sim, como homem, esse desprazer,
pois embora vivendo dia e noite entre
soluços, gemidos e lamentos, o nosso co¬
ração ainda se sensibiliza ante a tortura
da partida, pressentindo a ausência e a
saudade por uma criatura a quem nos li¬
gava uma simpatia e amizade naturais . . .
Quem sabe . . . cousas de existências pas¬
sadas ?
(Continua).
Revista Internacional do Espiritismo
359
Rs Relíquias do Cristo
Extrato do Boletim religioso « LE GALLICAN », dirigido pelo Bispo L. F. Giraud, pa¬
triarca da Igreja Gallicana, em Gazinet (Gironde).
Grande é a veneração da Igreja
Católica pelas relíquias de santos. Es¬
te sentimento é muito justo e não se
poderia reprovar a homenagem que
se lhes tributa. Conservamos com res¬
peito as lembranças de nossos pais.
Às dos santos ainda são mais precio¬
sas. Mas que dizer então das relí¬
quias do nosso Divino Mestre! do
Cristo lesus!
Às relíquias do Cristo! Que te¬
souro inestimável! Mas parece-nos
que uma grande circunspeção, diga¬
mos melhor, um cepticismo arrazoa¬
do, deve guiar o crente na aprecia¬
ção da autenticidade desses vestí¬
gios sagrados. E o respeito infinito
que nós lhes concedermos, se elas
forem verdadeiramente autênticas, de¬
ve nos inspirar uma sábia reserva e
mesmo uma justa desconfiança em
face desses froféus da credulidade.
Primeiro que tudo, essas relí¬
quias são muitas. Sem falar das tú¬
nicas sem costura de Àrgenteuil e de
Treves, tecidas pelas próprias mãos
da Virgem Maria, os sudários do Di¬
vino Salvador são em quantidade
verdadeiramente desconcertante. Eis
aqui urra breve nomenclatura, que nãc
garantimos estar completa, a-p&sar-
de sua impressionante extensão.
Conhecemos o Santo Sudário
de Turim, trazendo impressa, duas
vezes, a imagem de Nosso Senhor
visto de frente e de costas e mos¬
trando manchas purpureadas de san¬
gue e de aromáticos. Embora esta
insigne rei quia tenha sido interpreta¬
da pela ciência — arqueologia, histó¬
ria, iconografia e lógica — e que os
peritos a tenham examinado com to¬
da a arte possível, houve treze lon¬
gos séculos anteriores ao ano de
1353, durante os quais não podemos
seguir este sudário, e esta lacuna re¬
duz consideravelmente o seu valor
histórico.
Mas este sudário não é único.
Por 4. DUCÂSSE— HARISPE.
Existe o Santo Sudário de Cahors,
com cinco manchas de sangue. Ele
tem a fórma dum longo toucado que
se prende sob o mento e se compõe
de oito dobras superpostas em fino
linho do Egito. Àcredita-se que esta
coifa foi uma dádiva de Carlos Ma¬
gno a Cahors. Ainda hoje ela é ob¬
jeto de grande veneração.
Ha, além deste, o Sudário de
Bensançon, composto de dois panos
unidos por costura delicada. Ele tra¬
zia a efígie de Nosso Senhor, as mãos
ligadas uma a outra.
Não é só. O Sudário de Car -
cassonne, conservado na capela do
hospital de Pont, com um ligeiro bor¬
dado em seu derredor.
Não nos esqueçamos do Sudá¬
rio de Mayença, que foi doado por
São Cunegundes á Santa Bithilde. Es¬
ta remeteu a metade ao bispo de
Mayença para sua catedral e conser¬
vou a outro metade para seu mostei¬
ro de Àltenmunster. Esta fração é
grandemente venerada na paróquia
de S. Emmeran.
À lista não termina aqui. Men¬
cionemos o Sudário de S. loão-de-
Latrão, de grande dimensão a julgar
pela sua espessura, porque não no
mostram senão dobrado no dia de
Páscoa. O tecido, muito fino, confém
fios de ouro e, naturalmente, tarnbem
algumas manchas de sangue.
E’ preciso ajuntar a esta lista
pouco banal o famoso Sudário de
Cadouin, em Périgord, muitas vezes
salvo das chamas e tendo produzido
numerosos milagres. Quatorze sobe¬
ranos pontificais consagraram, por
meio de bulas, este santo tecido á
devoção — de Clemente 111 a Pio XI -
afirmando sua autenticidade. Reis e
bispos rivalizaram em zêlo com os
papas: São Luiz, Carlos V, Carlos VI,
Carlos VII, Luiz XI, Luiz XII protege¬
ram e dotaram a abadia de Cadouin
com rendas perpétuas.
- 360 -
Revista Internacional do Espiritismo
Ajuntemos a esta lista bastante
longa, a Santa Faixa de Nosso Se¬
nhor. Era uma tira de pano de que
se serviram os judeus para vendar os
olhos do Salvador, ao tempo da Pai¬
xão, quando o açoitavam, dizendo ;
«Cristo, profetiza, e dize quem te bate».
Esta preciosa relíquia, da qual só res¬
ta pequena parte, sempre acompa¬
nhou o Santo Sudário de Péiigord.
Alguns destes sudários sofreram
desastres. Durante a Revolução fran¬
cesa, o Sudário de Compiègne desa¬
pareceu sem deixar vestígio ; o de
Besançon, célebre por seus milagres,
sofreu a mesma sorte durante aquele
período agitado; o semi- sudário de
Maiyença desapareceu do mesmo mo¬
do, no começo do século passado,
quando da invasão francesa.
Quanto ao de Cadouin, o atual
bispo de Périgueux, M. Louis, com u-
ma coragem que muito o honra, aca¬
ba de relega-lo ao rol das coisas as
mais profanas, pondo simultaneamen¬
te um termo ás peregrinações, aos
milagres, que não tinham nenhuma
razão de ser. Os dois bordados ca¬
raterísticos desta bela mortalha eram
considerados a melhor prova de sua
autenticidade, porque «sempre seria
impossível confundi-la com outro pa¬
no».
Ora, os mencionados bordados
ostentam caracteres que foram reco¬
nhecidos como sendo arábicos 1 A
peça, genuinamente mussulmana, da¬
ta do fim do século XI, e teria vindo á
Erança ao tempo da primeira cruza¬
da. Edificante é a tradução destes
caracteres. Que o leitor julgue por
este fragmento :
«Em nome de Deus clemente e
misericordioso.
«Só ha um Deus que é Allah,
sem associado.
«Mahomet é o enviado de Allah.
Que a benção de Deus desça so¬
bre eles e sôbre os membros de
suas famílias.»
Assim, esta devoção multicente-
nária é devida a um erro coletivo do
qual participaram papas, santos (ho¬
je canonizados), reis, sábios, e inume¬
rável muitidão de crentes.
Ao mesmo tempo deve desapa¬
recer da circulação o véu de Santa
Ana,, mãe da T. S. Virgem, tecido con¬
servado na catedral de Àpt (Vauclu-
se); tecido e legenda que são paren¬
tes próximos do sudário de Candouin
e mui provavelmente forjados na mes¬
ma fábrica de tecidos do Alto Egito.
Quantas relíquias existem no
mundo, sem outro valor além do que
lhes dá a credulidade. Um volume in¬
teiro não seria suficiente para relatar
as falsas relíquias que atravancavam
os santuários da cristandade. Citemos
um único exemplo, que dará ideia da
amplitude das piedosas mistificações.
A catedrai de Oviedo, que tem sido
na Espanha o centro e o coração da
resistência governamental, no fim de
1936, continha relíquias realmente pro¬
digiosas. Julguemos por esta peque¬
na nomenclatura, talvez incompleta :
lá se venera dois bocados da verda¬
deira cruz, um pedaço do coração
de São Bartolomeu, um fragmento do
túmulo de Lazaro, um dos trinta di¬
nheiros de Judas, um fragmento da
varinha de Moisés, um pedaço do
pão multiplicado no deserto, um ca¬
belo de Maria Madalena e uma san¬
dália de São Pedro 1
Não é esta simples enumeração
bastante eloquênte para provocar a
certeza absoluta da não autenticida¬
de deste santo bazar?
Vê-se atualmente, na capela de
Caserte, a sentença de morte contra
Jesus Cristo, gravada sôbre uma pla¬
ca de bronze em lingua hebraica, ha
muito tempo conservada na sacristia
dos Carthusianos, perto de Nápoles.
c A igreja Santa-Madre-Maior, em
Roma, cuja origem maravilhosa é co¬
nhecida : a própria Virgem Maria in-
cumbiu-se de designar, por meio
de extraordinária queda de neve em
pleno mês de março, o local em que
se deveria edificar sua igreja. Esta
igreja, devido a esta circunstância, foi
nomeada, no V século, pelo papa Li-
bério : Saneia Maria ad nives. Ela é
a venturosa depositária... das relí¬
quias do Presépio.
Um sábio descobriu recentemen¬
te uma nova medalha com a efígie do
Cristo, datando da época de Tibério.
Segundo parece, até agora só eram
conhecidos cinco exemplares dessa
medalha.
Poderiamos prolongar indefini-
Revista Internacional do Espiritismo
— 361
damente a lista das maravilhosas ri¬
quezas que compõem o relicário do
Cristo. Não hesitamos mencionar es¬
ta que se avantaja a todas as outras :
No decurso do ano de 1931, desco-
briu-se, na propriedade de certo ci¬
dadão de Bolbeek (Syria), num tú¬
mulo subterrâneo, uma garrafa mis¬
teriosa contendo estranho líquido. À-
pós constatações irrefutáveis (natu¬
ralmente 1) seria mui simplesmente o
sangue de Jesus, o autêntico sangue
do Salvador do mundo. Este sangue
precioso ainda repousa em Beyrouih,
tendo por altar o metal cromado de
uma burra 1
Qual a conclusão a tirar das
considerações precedentes?
Amemos a Deus com todo nos¬
so coração, com toda nossa alma,
e com todas nossas forças; admire¬
mos N. S. J. C. invisível e presente ;
veneremos os santos que nos deixa¬
ram a lembrança de suas virtudes.
Mas não nos deixemos influenciar por
um culto material que nos levaria á
idolatria, pura e simples. Professemos
uma justa desconfiança pelas insignes
relíquias cuja autenticidade é impos¬
sível estabelecer: o santo sangue, a
corôa de espinhos, a lança de Login,
os cravos da crucificação, etc., etc.
Que a sorte do Santo Sudário de
Cadouin nos imponha uma sábia re¬
serva. Que este exemplo, deixando
intacta a nossa fé, nos preserve da
credulidade.
Ânnales du Spiritisme
Crônica Estrangeira
Anunciada a venda de mais
um Templo Protestante
Em Junho do ano p. findo, a
Associação Espiritualista de Glas-
gow adquiriu, pela soma de 4 250 li¬
bras (cerca de 340:000$ papel) a ma¬
gnifica igreja de St. Vincent Street.
A aquisição do famoso templo, que
é uma obra notável de arquitetura,
prova o contínuo crescimento do Es¬
piritismo.
Mencionada Associação, ante a im¬
possibilidade de acomodar verdadei¬
ras multidões (normalmente centenas
de pessôas não encontravam acesso
ás sessões), em seu imóvel de Hol-
land Street, via-se em face de um
sério problema a resolver, quando foi
posto á venda o magestoso templo
que resolveu a dificuldade.
O periódico inglês, The Two Worlds,
de 3 de Novembro, noticia o seguinte :
Posto á venda um Templo Metodista
A Igreja Metodista de Richmond
Terrace, cidade de Bradford, cerrou suas
portas por falta de frequência e os síndi¬
cos desejam ardentemente que qualquer
entidade religiosa adquira o imóvel. A
Igreja está sendo oferecida pela quantia
de I 250 libras, e tem assentos para 800
pessoas. O preço inclue o orgão, recen¬
temente avaliado em 750 libras. Aqui es¬
tá, diz o periódico, uma oportunidade pa¬
ra os espiritistas de Bradford . . .
Fotografias Supranormais
Gringohe insere um artigo de M.
Pierre Devaux sôbre fotografias «sobre¬
naturais» que La Revue Spirite transcre¬
ve em resumo. Temos conservado nossos
leitores ao corrente das notáveis experiên¬
cias «sobrenaturais» do saudoso doutor Eu¬
gênio Osty. do Instituto Mitapsiquico In¬
ternacional. Osty, munido de um «olho elé¬
trico» do tipo empregado em telesvisão, che¬
gou a descobrir as «substâncias-fantasmas»’
que erram no ar em volta dos médiuns ; es¬
tes sêres vaporosos, ordináriamente invi¬
síveis aos olhos da carne, foram «vistos»
pelo olho elétrico (célula foto eletrica) que
registrou suas aparições sôbre o filme
dum galvanômetro.
Pode-se ir mais longe. Ligando o
olho elétrico, por meio de fios, a um de-
flagador de magnésio, consegue-se que o
mesmo «fantasma» tome uma fotografia.
Infelizmente, estas fotos deixam a desejar;
seguramente elas mostram que não ha
mistificação alguma, que nenhuma pessoa
veio fraudar os aparelhos na semiobscuri-
— 362 —
Revista Internacional do Espiritismo
dade do laboratório ; mas as fotografias
não revelam qualquer fórma flutuante, ne¬
nhuma mão material ; a cena é vasia.
E, a-pesar-de tudo, essas «coisas»
sem nome existem, essas mãos invisiveis
que, a distância, veem deslocar objetos,
atirar um ramalhete de flôres, dobrar um
lenço em forma de barco, á vontade do
médium Rudí Schneider !
No decurso de uma sessão, excep¬
cionalmente visivel, Osty poude mesmo
ver e mostrar a dois assistentes, uma bo¬
la de «substância cinzenta» que saía de
um angulo obscuro e punha em movimen¬
to uma mesa de quatorze quilos ! Mas,
não obstante a instalação de raios ultra¬
violetas, que custara uma fortuna, jamais
se conseguiu fotografar o fenômeno».
O autor parece ainda ignorar a in¬
comparável obra de Mr. Warrick sôbre a
fotografia espírita.
Fotografia «Estragada» por
um «Extra»
Psychic News.
«Estou aborrecido por ter estraga¬
do seu retrato, David», desculpava.se um
fotografo amador que havia tirado o re¬
trato de David Jewson, primitivo presi¬
dente da Igreja Espiri ualista Universal.
Ao lado de David aparecera outra figura.
Mas Jewson reconheceu no «intruso»
a pessoa de seu falecido sobrinho e o re¬
trato do espírito foi identificado por ou¬
tros membros da familia.
Casualmente Jewson colocou a foto
entre as páginas de um livro e este vo¬
lume, também por acaso, foi parar ás
mãos de um colaborador do «Evening
Cronicle» que ha pouco publicou a foto
e sua história.
Um Livro sôbre Psiquismo
«La Revue Spirite» transcreveu de
Journal of ihe Americain S. P. R. :
O Dr. Cross, engenheiro eletricista
pela Universidade de Paris e antigo cola¬
borador com o Prof. d’Arsonval, vai pu¬
blicar um livro sôbre psiquismo, do qual
mencionado Journal reproduz certas pas¬
sagens
O autor relata experiências de ra-
diestesia realizadas no imóvel de Sydney
Mail (Australia), experiências de desloca¬
mento sem contacto e ação a distância, o
autor suspendeu-se a uma bola levitada e
foi pela mesma transportado, a-pesar-de
ser de 125 libras o seu peso. Houve tra-
zimento de papeis de marca rara, passa¬
gem da matéria através da matéria (um
tubo contendo 10 grs. de arsênico colo¬
cado ao lado de outro contendo 25 grs.
de agua distilada acabou por passar par¬
te de seu arsênico para dentro do tubo
de agua, lacrado). Efeiros luminosos. Uma
sessão de corneta tomou um caráter real¬
mente estranho.
Em São Francisco e com o médium
Harry Aldrich, diversas entidades se ex¬
primiram em seis linguas diferentes. Uma
joven francesa tomou a palavra através da
trombeta, ao mesmo tempo que um estu¬
dante inglês, morto de laringite (tubercu¬
lose) deu provas perfeitas de sua identi¬
dade. Convidada, a joven francesa, a re¬
petir o que havia dito, ela o fez na g: ria
do bairro em que vivera.
Um conjunto de factos que muito
perdem em simples resumo.
Da Sobrevivência
Ricerca Psichica.
... a sobrevivência após a morte a-
gora se transformou numa contingência
pensavel , digamos mesmo, tornou se um
evento presumível. Entra no campo da fí¬
sica e da fisiologia e está admitido no do¬
mínio da ciência. A alma tornou se men¬
surarei e pode ser pesada, e só requer
instrumentos apropriados para se tornar
tão familiar e tratavel quanto o organis¬
mo físico. Que esta seja uma concessão
materialista não é uma objeção válida,
porque, se toda matéria é dotada de vida,
a alma difere da matéria ordinária porque
sua vida escapa a nossa análise.
. . . Não nos devemos atormentar,
portanto, pelo destino dos sêres amados
Eles foram desfrutar um prazer mais de¬
licado, uma realização mais viva de sua
infinita possibilidade, livres da ponderosa
argila que atravanca o caminho e retarda
nossa jornada. Eles habitam em outro
reino ora invisível aos nossos olhos, mas
que não está longe e para eles não exis¬
te obstáculo intransponível entre aquele
e o nosso. Quando chegar o momento de
Revista Internacional do Espiritismo
— 363
a eles nos reunirmos, nada obsta a que
apareçam ante nossos olhos na fórma que
amamos, e que podem conservar ; e eles
permanecerão á nossa cabeceira para nos
conduzir á nossa morada mais feliz.
E. Fornier d' Albe.
Evitado um acidente ferro¬
viário ?
Psychic News.
Um leitor comunica o seguinte :
Um dos assistentes do círculo fami¬
liar de Vancouver é ferroviário. Apresen¬
tou se um espírito, ao qual o assistente
respondia repetidamente : «Sim, compre¬
endo».
Terminados os trabalhos, êle decla¬
rou que um espírito lhe dissera haver uma
falha na linha marginal, sómente usada
em certas épocas do ano.
Ele foi inspecionar a linha e verifi¬
cou que o gelo provocara a ruptura de
um trilho, no ponto particular indicado
pelo espírito. Se a falha não tivesse sido
remediada, a primeira locomotiva teria
descarrilado.
A informação, declarou o recipiente,
sómente poderia ser fornecida por um fer¬
roviário «morto».
Uma criança de 4 anos que se
recorda de sua vida anterior
Light transcreve o seguinte de East
and West (índia) : »
A história de uma menina de 4
anos que revela factos de sua vida pre¬
cedente nos é relatada pelo próprio pai,
Mr. Nand Lai, Oficial Superitendente,
Fatehpur.
A História começa no momento em
que a criança articula suas primeiras pa¬
lavras, Mr. Lai diz que, quando êle ha¬
bitava em Allahabad, sua filhinha sempre
chorava ao pensar em sua antiga família.
Mais tarde, quando transferido para Fa¬
tehpur, a criança reconheceu, certo dia,
a casa em que vivera, e contou sua his¬
tória, e todos os detalhes foram corrobo¬
rados pelas pessoas da vizinhança. Ela
relatou os factos referentes á precedente
existência, se^ casamento, a morte do
marido verificada em Allahbad, recusan¬
do por outro lado, segundo costume hin-
dú, proferir o nome do esposo. Toda es¬
ta história foi narrada em seus mínimos
detalhes e a menina reconheceu rnuitas
senhoras das relações de seu pai, parti¬
cularmente a que era portadora de seis
dedos em uma das mãos, e essas mulhe¬
res, por seu lado, pensam que a criança
não é outra senão a mesma Peshkarim
que vivia na casa presentemente ocupada
por Mr. Lai em Fatehpur.
«A mulher dum brahmane, curiosa
por ver a menina, foi imediatamente pela
mesma reconhecida como sendo a senho¬
ra a quem, pouco antes de morrer, lega¬
ra seus ídolos. Tudo era perfeitamente
exato, e a mulher brahmane levou a me¬
nina a Allaa-bad para lhe mostrar os
ídolos. Ambas oraram e ofereceram per¬
fumes aos mesmos.
0 Mistério das Cruzes enter¬
radas na Califórnia
O Journal of the Ameican S. P. R.
consagra algumas páginas interessantes á
análise do livro de Mr. Hamlin Garland,
sobre o assunto, de que La Revue Spirite
nos fornece o seguinte resumo :
Gregoty e Violet Parent, por indi¬
cação de espíritos , exumaram para mais
de 800 cruzes enterradas na Califórnia,
dentre as quais algumas cristãs, mas a
maior parte com cabeças de animais. Fei¬
ta a evocação dos espíritos de índios do
século XVI e de missionários, pelo mé¬
dium Parent os mesmos espíritos indica¬
ram sinetes de ouro que remontam a mais
de 50 anos, que efetivamente foram en¬
contrados. Foi então que Mr. Garland ten¬
tou, mediunicamente, descobrir novas cru¬
zes enterradas. Ele o conseguiu, pois fo¬
ram exumadas mais 18 cruzes, graças ás
indicações das «vózes» do médium Mrs.
Williams, com a qual êle realizou sessões,
sem que ela compreendesse o sentido de
suas perguntas, mas as respostas foram
ouvidas por todas as testemunhas. As 818
cruzes teem uma origem misteriosa, que
vai provocar animados debates. Mr. Gar¬
land compulsou a história da Califórnia e
afirma já estar de posse de documentos
que provam a existência da Cruz, entre
os indios —facto até hoje ignorado por to¬
dos os missionários cristãos — muito antes
da chegada dos conquistadores eurcpeus.
— 364
Revista Internacional do Espiritismo
I Notas e F actos 4
Sir Conan Doyle Retornou !
The Two Worlds
Em «East Anglian Daily Times» Mr.
Denis Conan Doyle reage a uma asserti¬
va de Harry Price, que disse : «Em mi¬
nha opinião, não ha prova digna desse
nome que alguém, em qualquer tempo,
tenha conversado com Conan Doyle de¬
pois de sua morte.»
Mr. Denis C. Doyle diz: «Mr. Pri¬
ce dá grande apreço á sua opinião pes¬
soal, embora o valor dessa opinião seja
passível de discussão, e eu me insurjo
completamente contra o sentimento que
exprime. Estou em condições de assegu¬
rar aos vossos leitores que meu pai for¬
neceu a mim e a todos os membros de
sua família, evidência esmagadora e pro¬
vas indisputáveis de sua persistente exis¬
tência individual, e do facto de continua¬
rem tão pronunciados, como sempre o
foram, o amor á sua família e o interês-
se no bem estar dos mesmos. O que eu
afirmo não é uma questão opinativa ; eu
pessoalmente me responsabilizo pelos fac¬
tos.»
Mr. Conan Doyle também replicou,
em «the Hertfordshire Mercury» a o utra
exposição tendenciosa, nestes termos: «Mi¬
nha atenção foi despertada por uma de¬
claração feita em vosso jornal pelo padre
Knapp, o sacerdote conjurador, concer¬
nente a meu pai, o falecido Sir Conan
Doyle.
O padre Knapp cometeu a lamen¬
tável imprudência de dar a público uma
assertiva em que quer atribuir isto a meu
pai : «99 percento dos médiuns são misti-
ficadores.» E’ esta uma contorção tão
monstruosa da verdade que está a exigir
uma refutação autoritária e peremptória.
«A afirmação positiva que meu pai
fez e que o padre Knapp achou ajeitada
a ser retorcida, de modo a se tornar ir-
reconhecivel, foi : «mesmo que 99 per¬
cento dos médiuns fossem fraudes, o úni¬
co percento remanescente seria suficien¬
te para fornecer a prova da sobrevivên¬
cia após a morte e a possibilidade das
comunicações póstumas.» Meu pai consi¬
derava mínima a percentagem de médiuns
fraudulentos, mas, naturalmente, reconhe¬
cia sua deplorável existência ; efetivamen¬
te, êle mesmo se tornou instrumento de¬
nunciador de divérsos médiuns fraudulen¬
tos e sempre condenou a mediunidade frau¬
dulenta em termos os mais energicos.
«A urdidura de uma declaração fal¬
sa que se atribue a um homem que já
não vive para se defender, é uma ação
desprezível e repulsiva.
De vosso siceramente, Denis P. S.
Conan Doyle.»
Um acontecimento histórico
na Escócia
Psychic News
Os pioneiros espiritualistas escoce¬
ses, ora trasladados ao mundo dos espíri¬
tos, devem ter experimentado grande re-
gosijo no domingo passado. A dedicação
da Igreja de St. Vincent Street, compra¬
da por 4.250 libras, para a nova séde da
Associação Espiritualista de Glasgow, foi
um tributo aos seus labores.
Mencionada Associação deve a sua
existência a um panfleto, escrito ha mais
de 70 anos por James Bain, que se tor¬
nou Lord Preboste de Glasgow.
Depois de publicado o conteúdo do
panfleto, que tratava de experiências do
autor em sessões realizadas em Londres,
30 espíritas se congregaram e resolveram
fundar uma sociedade em Glasgow.
Um memorial, publicado em cone¬
xão* com os trabalhos de abertura da ce¬
rimônia de dedicação, recorda nomes de
pioneiros escoceses pertencentes ás pagi¬
nas da história psíquica — James Coates,
conhecidissimo por suas investigações em
fotografia espírita, David Duguid, notável
médium pintor, James Roberts, que con¬
duziu o Espiritismo por mais de 20 anos,
e Mr. e Mrs. Wallis, célebre médium.
A Séde Primitiva
Peter Galloway. é outro nome hon¬
rado, pois seu entusiasmo era um fator
importante no sucesso do Espiritismo em
Glasgow. O desejo da associação de pos¬
suir casa própria, realizou-se em 1923. Pe¬
ter Galloway, que consagrou muitos anos
ao seu projeto, faleceu três dias após o
lançamento da pedra fundamental.
Revista Internacional do Espiritismo
— 365 —
A-pesar-de possuir, o centro, aco-
dações para 600 pessoas, êle se tornou in¬
suficiente para as multidões que vinham
de tropel ás sessões dominicais.
Espaço para 1.500 pessoas
Cerca de 1.500 pessoas encontrarão
acomodações na Igreja de St. Vincente
Street. O facto de terem os espiritualistas
adquirido um templo, que a ortodoxia
foi forçada a vender devido ao declínio
da congregação, é um indício do contí¬
nuo crescimento do Espiritismo.
O serviço de dedicação foi presidi¬
do pelo Rev. George Sharp, ministro
Congregacional de Sheffield. Helen Hu¬
ghes, esplêndido e popular médium esco¬
cês, deu demonstrações de suas faculdades
psíquicas. O ministro correu a cortina e
descobriu uma placa de bronze com a
seguinte inscrição:
«Esta Igreja foi dedicada á adoração
do Espirito Eterno, em 19 de Novembro
de 1939, pelo Rev. George Sharp, em pre¬
sença de Mrs. Helen Hughes, médium, W.
T. Shields, Presidente, o conselho e uma
multidão de visíveis e invisíveis».
Aventura de um Frade
Da muito bem orientada revista ale¬
mã Zeitschrift für Metapsichische Fors-
chung» extraímos o seguinte relato do
frade dominicano hespanhol Cypriano
Bravo, que se achava em missão na Chi¬
na :
«Com o avanço dos Vermelhos em
1933 fiquei preso. Observei então uma Coi¬
sa singular, — esses comunistas faziam as
suas sessões espiritas e nessas sessões cla¬
ramente ouvi vozes que não provinham
dos assistentes. Ainda mais surpreendido
fiquei, relata o frade, quando os oficiais,
que desconheciam em absoluto a lingua
espanhola, chegaram a falar, nessas oca¬
siões, correntemente o espanhol. Referi¬
ram-se a espanhoes os quais o frade co¬
nhecia pessoalmente ; tão perfeitas eram
estas comunicações, que mesmo os respec¬
tivos dialetos sobresairam com clareza.»
Poder-se-ia atribuir o facto a uma
influência satânica ? ! . . . Bem prudente¬
mente o frade silencia sobre este ponto !
Porém, o mais curioso do relato é
o seguinte, que, o frade deve a sua liber¬
tação graças á essas sessões espiritas. O
general Mao Chutung trata de inquirir
o médium. A resposta foi, que soltasse
o preso. Resistência do general, que ale¬
ga ser o frade um adversário do comu¬
nismo e por este motivo deve ser morto.
Mas a entidade espiritual adverte o ge¬
neral, através do médium, que de nenhu¬
ma forma deve ser morto o frade mas
sim, posto em liberdade. Novo aparte do
general, frisando que o frade não acredi¬
ta no espiritismo ; o médium, porém, in¬
siste na soltura do preso.
Também sobre isso, o frade não dà
nenhuma explicação ; relata sómente os
factos.
Chegando finalmente a essa altura,
o frade é levado á presença do coman¬
dante geral, o qual o declarou livre e
mandou entregar ao frade Bravo, um pas-
sa-porte e mais instruções sobre o cami¬
nho que devia seguir.
Depois de 5 dias de marcha a pé o
frade se encontrou em segurança.
Prenúncio de Morte
Ricerca Psichica
Apendice do Prof. Cario Del Longo
Não presenciei o fenômeno princi¬
pal, mas tendo acorrido imediatamente e
havendo colhido os testemunhos das qua¬
tro pessoas presentes, posso confirmar a
veracidade dos factos e a exatidão do re¬
lato feito pela senhorita P. C. que da o-
corrência conservou viva e clara lembran¬
ça. O arremesso contemporâneo dos dois
vasos de cima da sacada da janela, sem
nenhuma causa física natural, constitue um
fenômeno não só supranormal, mas ainda
excepcional por insólito e audaz. A bre¬
ve sessão realizada na mesma tarde con¬
firmou o já suposto caráter telepático do
fenômeno; indicando as pessoas interessá-
das, tio e sobrinho, dos quais um faleci¬
do, e a intenção de indicar a senhorita
Inêz ; com o prenuncio da carta, não es¬
perada, que já então deveria estar em
viagem e que, dia seguinte nos trouxe a
notícia da morte da jovem.
O desprendimento da cortina e seu
movimento em direção da snrta. Inêz,
poderia ser considerados um caso fortuito,
se isolado ; mais razoavelmente, foi esse
o princípio do fenômeno para chamar a
atenção da dita jovem ; não produzindo
— 366 —
Revista Internacional do Espiritismo
torial que o Espiritismo, fundamento de
todas as religiões, é velho como o mun¬
do. Swedenborg Wesley, Robert Dale
Owen, Andrew Jackson Davies, e mui¬
tos outros, conheceram fenômenos espíri¬
tas e receberam mensagens espíritas
antes de 1848. Mas nessa data, realiza¬
ram-se grandes transformações sociais:
Igualdade cívica da mulher, abolição da
escravatura, necessidade em religião não
mais de crer mas de saber. Foi então que
em casa da família Fox (Flydesville), se
repetiam as notificações do Além, até en¬
tão apregoadas como indesejáveis pela
mistificação clerical, que afirmava tratar-
se de arte diabólica infundindo nas ove¬
lhas o terror ante as caldeiras do inferno.
Daquela manifestação moderna do Espiri¬
tismo deveria nascer um movimento mun¬
dial cujo progresso é quotidiano e irre¬
sistível. A «Congressional Library» de
Washington conta 850 obras espíritas ; a
biblioteca de London Spiritualist Alliance
contém 3.000 vols. espíritas — , dentre os
quais um só livro : A Sobrevivência da
Personalidade Humana basta para provar
a existência do Além. Buckley, em sua
História da Civilização, diz ; «Se a Imor¬
talidade não fôr a mesma verdade, pouco
importa que o resto seja verdade ou não.»
A cabana de Hydesville foi desmon¬
tada e reconstruída no campo espírita a-
mericano de Lily Dale. Todos os anos,
milhares de curiosos de todas as partes
do mundo, vão visitar essa humilde habi¬
tação na qual os espíritos fizeram, em
1848, ruidosamente, a prova material e mo¬
ral de sua sobrevivência após o fenôme¬
no transitório da morte.
XXXXXxXX^ XX xXXX*XXXXXXX XXXXXX^X
Nossa sucursal na Capital
Levamos ao conhecimento de nossos assinantes residentes na Capital, que o
confrade Eduardo Aidar foi efetivado no cargo de representante de «O Clarim» e
«Revista Internacional do Espiritismo», estando, portanto, com plenos poderes para
tratar de assuntos referentes a essas publicações, tais como angariar e proceder a re¬
cebimentos de assinaturas. O confrade Eduardo Aidar pode ser procurado no Centro
Espírita «Luz e Caridade», Rua Visconde Parnaíba, 912, todas as terças, quartas, quin¬
tas e sextas-feiras, das 19 1/2 ás 20 horas, e diariamente, á rua 25 de Março, 835, sobr.,
das 8 ás 18 1/2 horas.
Fica assim estabelecida a nossa sucursal na Capital.
o desejado resultado, foi seguido daquele
ruidoso voo de dois vasos. Os dois fenô¬
menos associados ou não, produziram-se
quando a snrta. P. C. entrou no aposen¬
to ; portanto deve-se supôr que esta com
sua força psíquica, unida a da snrta. Inêz,
havia contribuído á produção do fenô¬
meno.
A única relação psíquica entre os
presentes e a entidade agente é a acima
exposta, ou seja indireta e um tanto ex¬
cepcional. Não se compreende fácilmente
porque esse jovem quis manifestar-se de
modo tão estranho a uma snrta. que lhe
era desconhecida ; entretanto a notícia de
sua morte chegaria rapidamente.
Pode-se ainda perguntar porque os
vasos não foram atirados no interior do
aposento, obtendo, sem perigo, o mesmo
efeito de surpresa. O facto de ter sido
inócua a queda no pátio, pode ter sido
casual ou providencial ; mas é mais lógi¬
co supor que a entidade agente havia es¬
colhido o momento mais oportuno, quan¬
do o pátio subjacente, quasi sempre fre-
quêntado, especialmente por meninos, es¬
tava absolutamente deserto.
A Casa de Campo de Hy¬
desville
The National Spiritualist
Por ocasião do nonagésimo primei¬
ro aniversário do Espiritismo moderno,
o Rev. Louis A. Ward recordou em edi¬
Revista Internacional do Espiritismo
— 367
E’cos e Notícias
Dr. Emil Mattiesen
Desincarnou, aos 64' anos de ida¬
de, o Doutor em Filosofia Fmil Mat¬
tiesen, conhecido naturalista e autori¬
dade em psicologia religiosa Termi¬
nado o seu curso, visitou demorada¬
mente a Asia onde estudou as lín¬
guas asiáticas, para se aprofundar nas
religiões dos indús. Foi á America e
á Inglaterra para estudar os trabalhos
sôbre o «homem transcendental» e a
«sobrevivência da personalidade hu¬
mana».
Na Alemanha, trabalhou ao lado
dos célebres investigadores psígui-
cos : von Schrenk Notzing, Joseph Pe-
ter, Alexander Aksakof, Max Seiling etc.
Ainda a Estigmatizada Thereza Neumann
O Dr. Flynek reafirma, em Ca-
tholic Medicai Guardian, a autentici¬
dade dos estigmas de Thereza Neu¬
mann, presentemente sob controle
eclesiástico.
Estelle Roberts contemplada num testamento
Mrs. B. Musmann, falecida em fe¬
vereiro do ano p f., deixou um legado
de 500 libras ao conhecido médium
Estelle Roberts, «como um insignifi¬
cante tributo ao grande trabalho gue
ela tem realizado em benefício da
humanidade».
A falecida freguentemente presi¬
dia ás sessões de Estelle Roberts em
AEolian Hall.
Demonstrações na África Austral
Mrs. Mc. Callum, conhecido mé¬
dium escocês alcançou enorme suces¬
so nas demonstrações de sua facul¬
dade psíguica durante sua estadia na
África, principalmente em Cap Town
e Durban.
Nova Secretaria Psíquica
A Sociedade Espiritualista de
Chelmsfórd está organizando um bu-
reau de informações espiritualistas pa¬
ra Essex. Ele se propõe a registrar
todos os centros, com informação ad¬
ministrativa, nomes e endereços de
oradores locais e médiuns, com deta¬
lhes de seus dons psíguicos . . .
Um médium de três anos
A América possue um médium
de três anos gue, aos tô meses de
idade, começou a transmitir notáveis
predições. E’ filha do casal Harry Har-
dmg, de Pensylvania e a história foi
divulgada em Psychic Observer. Ela
tem ditado, sobretudo á noite, men¬
sagens de um espírito gue se deno¬
mina «Entidade» e as profecias foram
universalmente registradas antes de
se cumprirem.
Campos Espíritas
No ano próximo findo, funciona¬
ram, nos Estados Unidos, uma guin-
zena de «campos» espíritas. O Ca¬
nadá inaugurou o seu primeiro «cam¬
po espírita». Sem dinheiro algum no
ano passado, os espíritas de Ontário
já compraram 125 acres de terreno e
45 a 50 casas de campo estão sendo
alí construídas.
Curioso Epitáfio em Caracas
Evolucion descobriu, no Cemité¬
rio do Sul de Caracas, este curioso
epitáfio :
«Cristina - Dormes o teu sôno
eterno, guerida filha . . . Mas sempre
nos lembras gue tua alma foi o raio
de sói com o gual Deus guís avivar
a nossa esperança.
«Quiseste retomar o caminho do
céu. Lembra-te, pois, gue, ao partires
falaste da lua breve reincarnação.
«Não te esgueças de nós gue te
choramos e te esperamos >.
368 —
Revista Internacional do Espiritismo
ESPIRITISMO NO BRASIL
A Revista sauda a todos seus co¬
laboradores, assinantes e representantes cuja
solidariedade agradece e a todos augura
um ano pródigo em bênçãos espirituais.
Que o decênio que óra surge possa
assistir agregadas todas as energias visando
a vasta disseminação do Espiritismo, o
consolador prometido por Jesus, o único
capaz de arrancar o mundo do caos em
que ainda se debate.
Aos Espiritistas está afeta a tarefa de
tornar o Brasil o «Coração do Mundo e
a Pátria do Evangelho».
Primeiro Congresso Brasileiro
de Jornalistas Espíritas
Os jornalistas e escritores espíritas,
reunidos na Capital Federal, de 15 a 25
de Novembro passado, tendo em vista os
assentos debatidos nas reuniões do mesmo
Congresso e nas brilhantes teses apresen¬
tadas, votaram as seguintes resoluções :
1. a — declarar que, amigo da Or¬
dem e da Paz, empreendedor e realizador,
o Espírita é tão patriota e tão digno co¬
mo os que mais o sejam dentro do con¬
junto de homens que constituem a Pátria,
a qual não é por êle tomada apenas no
sentido geográfico, no seu esforço de
mante-la bem alto no conceito dos po¬
vos, dos quais se reputa irmão, pela ori¬
gem e pela finalidade, ocorrendo-lhe, po¬
rem, o dever a que não fugirá, e nunca
fugiu, de defende-la, por todos os meios,
quando ameaçada nos seus direitos, quais¬
quer que eles sejam.
2. a — Sugerir, preconizar, recomen¬
dar, a organização, no Rio de Janeiro, de
uma associação de jornalistas e escritores
espíritas, na forma que fôr julgada mais
viável e eficiente, para o fim de promo¬
ver e intensificar o intercâmbio de jor¬
nais e revistas e do noticiário referente
ao movimento espírita no Brasil.
Organizada essa Associacção o atual
Congresso entregar-lhe-á tudo quanto ao
mesmo se referir, incumbindo-lhe manter
a exposição de jornais, organizar os futu¬
ros congressos e fazer imprimir os anais
do atual.
3.a — Recomendar conjuguem esfor¬
ços, não só os jornalistas, que devem ser
os orientadores da opinião publica, como
também as melhores organizações espíri¬
tas, no sentido de que não seja permiti¬
do pelas autoridades publicas a organiza¬
ção de agremiações espiritas que preten¬
dam fazer sessões públicas sem que sejam
os seus dirigentes julgados perfeitamente
idoneos intelectual e moralmente, como
tal reconhecidos no meio espírita e no
conceito publico pelo seu passado.
4-a — Recomendar se empreguem es¬
forços para que os que teem a seu cargo
a divulgação da doutrina, não só nos jor¬
nais e revistas pertencentes ás associações
espíritas, como nas colunas dos jornais
ecléticos se limitem, tanto quanto possí¬
vel, aos postulados da mesma e ás suas o-
bras basilares, esforçando-se todos, para
que não haja guarida nos jornais para as
campanhas deprimentes, nem para a cola¬
boração imprestável.
Para a seleção dos colaboradores es¬
píritas na imprensa, recomenda aos jorna¬
listas espíritas o registo, no Serviço de
Identificação Profissional do Departamen¬
to Nacional do Trabalho, como «jorna¬
listas não profissionais», permitido pelo
decreto-lei n. 1.698, de 23 de outubro do
corrente ano, já regulamentado pelo Mi¬
nistro do Trabalho, conforme portaria pu¬
blicada no Diário Oficial.
5-a — Concluir que o Espiritismo,
tal como é praticado e compreendido no
Brasil, orientado como se acha pela co¬
dificação kardeciana e servindo ao Evan¬
gelho, na difusão das leis do Amor, do
Perdão e da Caridade, colimando a Fra¬
ternidade, para o que não se lhe pode
traçar limites á evolução, não pode dei¬
xar de ser encarado no seu tríplice aspec¬
to — científico, filosófico, religioso — e, co¬
mo tal, se torna digno do respeito dos
homens e merecedor do mesmo acatamen¬
to que a imprensa dispensa aos demais
ramos filosóficos e credos religiosos.
(Conclúe no próximo número).
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